21 de set. de 2024

Declaração

Declaro-me oficialmente insana.

Louca.

Patologicamente e irremediavelmente, insana.

Louca, por amar sem querer ou esperar nada, absolutamente nada, em troca.

Por trabalhar muito mais por amor, por ideologia e por princípios, que por dinheiro ou reconhecimento.

Por partilhar totalmente quem eu sou, sem pudores, proteções ou receios - mesmo com quem não merece.

Louca, por seguir o que sinto e que acredito ao invés de seguir os caminhos prontos ou moralmente mais seguros ou aceitáveis.

Por acreditar piamente que no final das contas, de todas elas, sobrarão apenas eu e meu Deus, minha consciência, e que não há maior rigor em um juiz que é a minha própria consciência.

Louca, porque prefiro ser o melhor que posso ser a cada e todo instante. Se eu não puder ser o meu melhor, para quê e quem então seria eu?



16 de set. de 2024

Para quando eu tiver dúvidas


Quando eu tiver dúvidas, que eu me lembre do meu nome.
Que eu me lembre que eu sou (sim, sou eu) aquela pessoa que gostava de fazer rir toda gente, fosse no gira-gira da escola, fosse num momento de dor.
Que eu sou aquela que de imediato se voluntariou, sozinha, para mostrar tudo e responder qualquer pergunta quando as armas apontavam em todas as direções, inclusive para nossas cabeças. Sim, sou eu! A mesma que assumiu a propriedade de um baseado, quando não se previa a consequência.
Que eu me lembre que eu sou aquela que guardou silêncio durante a desilusão maior da vida, só para não prejudicar o autor. Sim, sou eu!
Quando eu tiver dúvidas, que eu me lembre que já me vesti de coragem enquanto tremia de medo, e já me vesti de amor e ternura enquando meu coração se despedaçava. Esta, sou eu.
Que eu me lembre do tamanho da minha compreensão, e que eu me permita tê-la, também, comigo própria.
Que eu me lembre do tamanho do meu amor, e que eu me permita sentí-lo, também, por mim mesma.
Quando eu tiver dúvidas sobre as minhas escolhas, que eu me permita escolher, uma vez mais, o melhor para mim mesma.
E seguir.
Sem maquiagem, sem vacilo, sem disfarce,  sem filtros.

15 de set. de 2024

Prece

Que seja perdoada toda a minha ignorância, porque é por ignorar alguma coisa, que erro.
Que seja perdoada toda a minha arrogância, porque é por pensar que sei, que me engano.
Que seja perdoada toda a minha necessidade em acertar, porque sendo necessidade, é ego.
Que sejam perdoadas as minhas mentiras e omissões, que são consequências das inseguranças que levo.
Que sejam ausentes os meus julgamentos, porque não conheço a realidade de ninguém.
Que eu saiba reconhecer as coisas por seus respectivos nomes e conteúdos, e não me engane nos meus pensamentos.
Que eu saiba aceitar o que a vida me oferece com os braços abertos em receptividade e com o coração cheio de gratidão. Sempre e por tudo.
Que eu reconheça as verdadeiras oportunidades, e que não me engane com ilusões. Aliás... Que fiquem distantes as ilusões, distantes ou de preferência, sejam inexistentes.
Que cada passo dado por mim reflita as escolhas das minhas verdades e do meu coração.
Que o medo não me confunda nem me paralize, mas seja o impulso para enaltecer a coragem que me estiver a faltar.
E que cada dia mais, eu veja a imagem que o meu espelho refletir com maior amor e maior ternura, certa de tudo mas principalmente, mais certa de mim.

12 de ago. de 2024

Mistérios

Não me lembro como começou, e nem porquê. Só sei que desde muito pequena, sempre achei injustos os contos de fadas, desinteressantes as histórias românticas, fantasias os finais felizes.

Gostava muito mais dos filmes e dos livros de terror. Enxergava monstros nas sombras do armário na parede, mantinha as janelas abertas para esperar um morcego entrar. E às vezes, inclusive chamava por eles - nunca nenhum entrou (só no seu apartamento em São Joaquim, não é, pai?).

Hoje, penso que na verdade o que eu sempre busquei foi o sentir. Sentir realmente, com todos os meus poros e células do corpo. É demasiado fácil o sentir "foram felizes para sempre", demasiado fácil e demasiado morno demais. Onde estão os desafios, a superação, o crescimento? Onde está o descobrir-se e fazer-se melhor e mais forte? Como assim, a história acaba no "felizes para sempre"??? É aí, justamente aí, que a história deveria começar!

No fazer-se feliz para sempre, independentemente e apesar de todas as dificuldades, obstáculos, desafios! É aí que quando damos o passo e avançamos, o feliz para sempre transforma-se em júbilo, em êxtase! E essa parte, a mais importante, encontra-se mais facilmente em um filme ou livro de terror que em um romance ou comédia romântica.

E é ao êxtase que quero chegar. À plenitude, ao melhor de mim mesma, ao expoente máximo dentro das minhas humanas limitações. Eu não quero ser feliz para sempre! Eu quero a vida, quero merecer e conquistar cada gargalhada que eu der, cada vitória, cada conquista.

É incrível como o tempo nos vai mostrando que atrás de camadas de verdades nossas que vamos descobrindo, outras mais profundas e cheias de significado vamos encontrando.

Quero viver e ser como um instrumento de inspiração, para tudo que é de bem e é real, ambas as coisas, em uníssono.

E claro, quero gargalhar pelo percurso. E perder o fôlego, e extasiar! E... quero ser feliz. Não para sempre, porque o para sempre não é à nós que pertence, mas por todo e qualquer instante que seja possível pelo infinito dos instantes que durar.

(E sim, todos os bons instantes são infinitos).

12/08/24

21 de jul. de 2024

Assertividade

Nem sempre é fácil sermos assertivos quando não somos capazes de ver o quadro por inteiro, com clareza e lucidez.

Há imensas situações que nos podem turvar a vista, principalmente quando temos desejos e expectativas à mistura.

Entretanto, quando somos capazes de nos colocar de parte de nossas próprias vontades, idealizações e esperanças, conseguimos ver. E agir conforme a realidade é, e não como gostaríamos que fosse.

Não há nenhum facto que mude as atitudes de uma pessoa, a não ser que seja a própria pessoa a mudar. Não há nenhuma condição, por mais temporária que seja, que altere a personalidade seja de quem for.

Ter a capacidade de reconhecer os factos é a forma de nos permitirmos ter alguma assertividade sobre o que há, e não sobre o que gostaríamos que houvesse.

Quanto mais clareza tivermos, mais difícil será nos entregarmos aos nossos sonhos, mas mais coerentes seremos com a verdade que nos rodeia.

Quando buscamos o caminho da clareza e a verdade, não estamos livres de nos ver ceder às nossas expectativas, e nos vermos com algumas repetições a apostar em nossos desejos e expectativas, mas a cada curva há de ser menos penoso o retorno ao real em detrimento às ilusões. A prática há de facilitar o processo, a experiência há de nos fortalecer, e o coração... este há de encontrar o consolo da verdade de nós mesmos ao invés da realidade que tentamos ver nos outros.

17 de jul. de 2024

Swiss


Existe um lugar onde o verde da relva é mais verde, onde o azul dos rios e lagos é mais azul, e onde o ar é mais ar.

Um lugar onde a natureza pode descansar mais tranquila, mais sossegada, e se mostrar mais viva.

Existe um lugar que é mais lugar que outros lugares, e não é só uma questão de paisagens. É também uma questão de pessoas, de família, de afetos.

A Suíça seria menos Suíça se não fosse por vocês, e eu seria menos eu também. Do mesmo jeito que a natureza encontra aqui algum refúgio e sustentabilidade, eu encontrei, mais uma vez, descanso e as energias gratas, renovadas, felizes.

Mais do que a grama verdinha e cheirosa, os seus risos e partilhas, suas rotinas e conquistas, disponibilidades e carinho têm aquela força de nos equilibrar por osmose e devolver o mesmo brilho que se vê na relva verdinha, no azul translúcido, no ar fresco e limpo.

Agradecer só por estes dias seria diminuir o tamanho da gratidão que sinto, que é não só por estes dias mas por vocês serem quem e como são, pelas risadas gostosas, abraços carinhosos, brincadeiras, delícias, momentos, conversas e experiências.

Peter, Pê, Dani, Ni, obrigada! O tamanho do amor, da admiração e do orgulho que sinto por vocês é gigante.

Obrigada ❤️