Não me lembro como começou, e nem porquê. Só sei que desde muito pequena, sempre achei injustos os contos de fadas, desinteressantes as histórias românticas, fantasias os finais felizes.
Gostava muito mais dos filmes e dos livros de terror. Enxergava monstros nas sombras do armário na parede, mantinha as janelas abertas para esperar um morcego entrar. E às vezes, inclusive chamava por eles - nunca nenhum entrou (só no seu apartamento em São Joaquim, não é, pai?).
Hoje, penso que na verdade o que eu sempre busquei foi o sentir. Sentir realmente, com todos os meus poros e células do corpo. É demasiado fácil o sentir "foram felizes para sempre", demasiado fácil e demasiado morno demais. Onde estão os desafios, a superação, o crescimento? Onde está o descobrir-se e fazer-se melhor e mais forte? Como assim, a história acaba no "felizes para sempre"??? É aí, justamente aí, que a história deveria começar!
No fazer-se feliz para sempre, independentemente e apesar de todas as dificuldades, obstáculos, desafios! É aí que quando damos o passo e avançamos, o feliz para sempre transforma-se em júbilo, em êxtase! E essa parte, a mais importante, encontra-se mais facilmente em um filme ou livro de terror que em um romance ou comédia romântica.
E é ao êxtase que quero chegar. À plenitude, ao melhor de mim mesma, ao expoente máximo dentro das minhas humanas limitações. Eu não quero ser feliz para sempre! Eu quero a vida, quero merecer e conquistar cada gargalhada que eu der, cada vitória, cada conquista.
É incrível como o tempo nos vai mostrando que atrás de camadas de verdades nossas que vamos descobrindo, outras mais profundas e cheias de significado vamos encontrando.
Quero viver e ser como um instrumento de inspiração, para tudo que é de bem e é real, ambas as coisas, em uníssono.
E claro, quero gargalhar pelo percurso. E perder o fôlego, e extasiar! E... quero ser feliz. Não para sempre, porque o para sempre não é à nós que pertence, mas por todo e qualquer instante que seja possível pelo infinito dos instantes que durar.
(E sim, todos os bons instantes são infinitos).
12/08/24